quinta-feira, 16 de julho de 2009
Ich bin ein Berliner
Uma vaga de fundo impeliu o meu regresso à actividade, sensibilizado que estou com os incontáveis mails a questionar o porquê desta paragem. A verdade é que tenho andado demasiado ocupado a dormir sestas durante a tarde, uma actividade incomparavelmente civilizada quando comparada com a minha rotina matinal de visitas ao hospital. No tempo que distou desde o meu último post vi-me forçado a comparecer em mais do que uma penosa reunião de expiação, choro e auto-culpabilização ou, como lhe chamam aqui, os seminários sobre Deutsche Geschichte und Ethik der Medizin. Um regalo. Os intervalos que me sobram desperdicei-os a estilhaçar o mito da eficiência germânica enquanto confirmava para lá de qualquer dúvida o mito sobre a universalidade da incompetência do pessoal administrativo de Universidades.
Nos 14 minutos que leva o 600 a chegar à Kliniken Nord tenho andado a ler o «On Liberty» do John Stuart Mill , sempre com um sorrisinho nos lábios, porque quase consigo sentir as cabecinhas tensas de desaprovação perante tanta incitação à licenciosidade.
Entretanto parece que o Luís M. Jorge voltou mesmo, de início apenas para demonstrar que Veneza, sem as pessoas, sem as Foccacerias de esquina, sem os hare krishna a enxamear a Piazza San Marcos, sem os Bellinis a preço de extorsão, é provavelmente a cidade mais bonita do mundo. Ide ver.
Amanhã parto para Hamburgo e daí para Berlim. Para os interessados, até 3º feira, estarei algures entre aqui e aqui.
Fiquem bem. Recuem educadamente se alguém tentar sequer iniciar uma conversa sobre gripe ou usar a expressão «pais afectivos». E parem de ouvir essas músicas horríveis que de certeza andam a ouvir. Até breve.
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