quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Fair Play é uma treta

Nisto do pontapé na bola há sempre as pequenas coisas que me alegram a existência, como o prova o dia de hoje do 2009 da graça do Senhor com a apresentação de Jorge Jesus enquanto treinador do Benfica; os periodistas da especialidade já a salivar com tamanho maná vindo dos céus, ou neste caso da Luz, que vai ser um aninho em cheio para os trocadilhos na primeira página - Jesus salva o Benfica, na graça de Jesus, os ensinamentos de Jesus, a Luz de Jesus e Jesus o salvador – nisto de inventar capas a malta do Record e d’A Bola não perdoa, é como a carestia de vida, o Cardozo ou o cancro de células não-pequenas; e no meio de tudo o Jorge Jesus propriamente dito, o treinador do Benfica mais do Benfica desde que a agremiação foi criada, finalmente um homem no banco que consegue insultar a mãe do bandeirinha, assim, ali mesmo a poucos metros dele, nunca questionem a eficácia de uma caralhada para definir um jogo meus amigos, o mal é esse, como é que um estrangeiro conseguia fazer isso ohporamordedeus. E não me falem em currículo, um homem que nasceu na Amadora e iniciou a carreira a treinar o Amora não precisa de mais currículo, vale por si só, e ainda mais se contarmos com a sua circunstância, a do verdadeiro treinador português, que talvez nunca chegue ao refinamento de um Pacheco e da sua «faca de dois legumes», mas um homem que fala em «tratar do processo de neutralização» de um jogador ou em «assuntos do forno interno do clube» é bom treinador e ponto final; também desde que passámos de um seleccionador que esmurrava os adversários para outro que usa Professor antes do nome tem sido o que se vê, até já empatarmos com a Estónia é um “objectivo cumprido” mesmo se, e volto a citar o bom do Jorge quando levou a rapaziada do Belém a jogar ao Bernabéu, «Com essa equipa dava-lhe 3 de avanço, mudava aos 5 e acabava aos 10».
Jorge Jesus no Benfica é o fim da crise, é Portugal no bom caminho; corre mais, marca mais, menos ais menos ais menos ais e depois por aí fora, que isto de letras de músicas nunca foi muito a minha praia, mas pronto, assim vale a pena, um gajo abre o jornal e lê boas notícias, eu acho que não ficava tão feliz a ler um diário desde que o Público alterou a minha vida assim só com o melhor título de uma notícia de todo o sempre.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Não gosto de falar sobre futebol

Mas às vezes é preciso. Parece que o AC Milan chegou a acordo com o FCPorto para a compra de Cissokho por 15 milhões. Ao contrário de outros, os números a mim não me escandalizam; nenhum clube está imune a periodicamente enfiar um barrete a troco de muitos milhões (e o AC Milan no passado recente tem sido pródigo neste capítulo). Não tenho nada contra o Cissokho. Não é sequer o melhor lateral do FCP (sim estou-me a referir ao Fucile) por isso não será certamente um dos melhores da Europa, mas acredito que tenha uma larga margem de progressão e possa vir eventualmente a tornar-se um jogador razoável e equilibrado (isto se alguém entretanto lhe explicar que o futebol é um pouco mais do que uma competição para ver quem chega mais rápido à linha de fundo do adversário). No entanto, nada disto interessa. O motivo do post está relacionado com uma notícia publicada ontem num jornal desportivo de Itália (não deixo link para não ferir susceptibilidades) que dizia "AC Milan vê em Cissokho o herdeiro natural de Maldini". E isto, claro, é grave. O simples facto de ter estes dois nomes juntos na mesma frase é uma afronta directa a um dos maiores jogadores que o futebol mundial algum dia conheceu; estabelecer qualquer tipo de relação entre eles é um crime. Aliás, a esta hora o Maldini deve estar a sofrer um ataque de convulsões e perdas de consciência. E a heresia só não é maior porque a direcção do Milan decidiu no final desta época retirar a camisola 3 que pertencia a il capitano, pelo que não poderá ser entregue a Cissokho. Essa numeração só poderá ser recuperada se no futuro os filhos de Maldini decidirem jogar futebol profissional e adoptar o mítico jersey do pai. Parecendo que não, há coisas neste mundo que até fazem um gajo chorar.

As Novas Oportunidades

A Rep. Checa tem um crescimento do PIB de quase 6% e uma taxa de desemprego de também 6%.
Portugal tem um crescimento do PIB de 0,37% ao ano e uma taxa de desemprego de 7,6%.
Porquê?
Porque na Républica Checa os diferendos políticos são debatidos com profundidade.




No vídeo, o vice-presidente do sindicato dos médicos-dentistas - Miroslav Macek - demonstra ao ministro da Saúde - David Rath - o seu entendimento sobre cooperação institucional.

The Realistic Wish Fundation

A ABC decidiu entretanto retirar o programa do ar e eu continuo sem perceber porquê.



Retirado do sempre recomendável Aurea Mediocritas.

O mundo como vontade e representação

"In a soccer match, people may become excited and there may be confrontation between the people and the police force. People who violate traffic regulations will be fined by the police no matter who he is. These are not problems."

Resposta do "presidente" Ahmadinejad quando perguntado sobre a justificação para a prisão dos líderes opositores.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

eu até gosto do vital moreira



Esta merda não tem preço.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Noção de prioridades II

Tinha aqui escrito um óptimo texto para uma interpretação política séria e brilhante dos acontecimentos eleitorais deste fim de semana, nomeadamente a vitória do Bettencourt no Sporting, o crescimento exponencial da extrema-esquerda neste pequeno país de brandos costumes à beira-mar plantado e o domínio claro dos partidos de direita por essa Europa fora (por ordem de importância naturalmente). No entanto, fui obrigado a apagar esse texto para libertar espaço no computador para a minha crescente colecção de fotomontagens do Vital Moreira. Se querem ler sobre coisas sérias e análises lúcidas e perspicazes este não é o local adequado, até porque parece que a Paris Hilton tem também um blog. Isto sim são coisas sérias:

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Quando às vezes me perguntam o motivo pelo qual os portugueses se interessam pouco por política

Ana Gomes, eurodeputada eleita pelo PS

Barbara Matera, actriz e modelo, eurodeputada eleita pelo partido Povo da Liberdade (PDL) de Berlusconi.

Noção de prioridades

Ontem, em dia de eleições europeias, o salão onde estavam as mesas de voto de Castanheira do Vouga foi trancado a cadeado pelos 600 habitantes da freguesia, como forma de protesto. E agora questiona-se o leitor qual terá sido o motivo do boicote...falta de saneamento básico e água canalizada? Encerramento do centro de saúde ou do Serviço de Atendimento Permanente (SAP)? Más condições de acesso com estradas degradadas? Não, nada disso. Esta remota freguesia do concelho de Águeda protesta por "não ter banda larga". Nas palavras do Presidente da Junta, a falta de Internet de alta velocidade "faz falta à própria Junta, às escolas e aos empresários locais". Compreende-se. O Silicon Valley português perde competitividade com o resto do mundo e os 600 empresários da região (cujo somatório de idades ultrapassa os lucros anuais da Microsoft) vêem as suas acções na Bolsa desvalorizar, incapazes de gerir em tempo real os seus fundos de investimento de alto risco em off-shores na presença de tão miserável ligação de Internet. Faço aqui por isso um apelo ao nosso PM para atender ao pedido da nossa classe empresarial: se Castanheira do Vouga receber aquilo que merece, veremos o nosso PIB anual crescer na exacta proporção com que aumenta a velocidade com que o sr. Xico do café pode consultar o seu email e fazer o download ocasional de alguns "conteúdos para adultos", sempre para glorificação do "futuro e do progresso" de Portugal e fora do horário de expediente naturalmente.
Mas confesso-me desiludido num aspecto. Agora que vem aí a fibra óptica, Castanheira do Vouga ainda reclama pela banda larga? É esta falta de ambição e de empreendedorismo que nos deixa ainda na cauda da Europa...


E porque isto se parece demasiado com um episódio dos Monty Python para ser verdade deixo aqui o link.

sábado, 6 de junho de 2009

A próxima é uma foto do George Michael

No dia de ontem obtivemos um resultado histórico de número de visitantes diários à custa de imensos utilizadores que, enganados pela traiçoeira pesquisa de imagens do Google, aqui vieram parar depois de uma busca pelo menino Robin Soderling com o tronco nu a escorrer suor, que ontem surpreendentemente garantiu o acesso à final de Roland Garros. Apesar de não desdenharmos a hipótese de este blog se tornar numa referência internacional no roteiro de blogs gays, a verdade é que em nome desta Instituição (com I grande) quero esclarecer desde já que somos abertamente e absolutamente contra o sucesso desportivo de um tenista cuja esquerda a duas mãos em terra batida parece tão deslocada como o Karl Marx num comício do PS de Sócrates.

domingo, 31 de maio de 2009

A partir de hoje não gosto da Suécia (nem de suecas)


Este menino acabou de me estragar o resto da semana.

É a história da minha vida







He once had an awkward moment... just to see how it feels.

terça-feira, 26 de maio de 2009

No, no podemos

La equipa de Obama qui io hay consiguido trazier para las ileicciones de la Oropa ya está trabaxando in seirio. Ahorra eh consiguiedo entroduxir en la campaña al humour invulauntário. Ay caramba, qui no vay nada málo.

domingo, 24 de maio de 2009

Já é tarde e vou dormir

Toda e qualquer relação humana é inútil. E é-o não por um sentimento egoísta de individualidade mas por uma consciencialização colectiva do absurdo desse mesmo fim. Há um objectivo comum imperceptível no meio de tudo isto, um desígnio final que tenho dificuldade em compreender. A relação humana é assente numa dimensão onde interessa menos a realidade que atribuímos a cada um dos seus intervenientes do que a imaginação presente que temos desse mesmo objecto. Heidegger dizia que para alcançarmos compreensivamente o ser precisávamos de analisar existencialmente a pessoa. Ou seja, todo o interesse deve residir apenas no ser, enquanto a pessoa concreta é apenas um meio de se chegar a ele na sua completa compreensão. Por isso a relação humana é-o apenas na sua forma tentada, incompleta, imperfeita, inacabada. Não pode nem deve ser o único sustento físico do humanismo como oposto do materialismo dialéctico. Sartre entendia o outro como o mediador indispensável entre mim e mim mesmo. Mas essa relação era apenas o conflito, o decalque imaginativo e a subtracção dos contrastes entre os seus intervenientes. Enquanto a relação humana se continuar a fazer nos dias de hoje como o duelo abstracto entre dois conceitos autónomos que deixamos a lutar na arena, pouco resta para valorizar. A imaginação que temos do outro, e que tantas vezes difere da verdade, deve ser apenas o oxigénio que permite a combustão; e não a própria madeira consumindo-se no meio das chamas. A emotividade presente em cada um desses gestos, a projecção que fazemos do seu futuro, o vazio abstracto dessa improfícua duplicidade; nada é verdadeiramente necessário. Actuam fantasmas que opomos à própria alegoria de nós mesmos e esperamos pela metamorfose dessas criações imateriais em algo palpável ao nosso entendimento, para que essa interacção possa produzir em nós alguma transformação. Toda e qualquer relação humana é inútil porque é, no fundo, inexistente. Não há frase na minha vida que faça mais sentido do que estas palavras de Jacques Lacan: Aimer c'est donner ce qu'on a pas a quelqu'un qui n'en a pas besoin - Amar é darmos o que não temos a alguém que não o precisa.

sábado, 23 de maio de 2009

Afinal o tamanho (e o número) interessam

Nos últimos dias foi apresentado um estudo citado aqui e aqui que demonstra que Hitler perdeu um testículo na batalha do Somme em 1916. A história torna-se ainda mais curiosa pelo facto de o ditador Francisco Franco ter também perdido um testículo cerca de 4 meses antes num combate em El Biutz, perto de Ceuta. Ora, o repto que aqui deixo é o seguinte: alguém se voluntaria para fazer um exame urológico ao nosso Sócrates?

Efemérides

Atingimos nesta semana os mil visitantes neste blog. Tal facto seria suficiente para atestar o degradante estado da Nação. Não vou aqui revelar em público a identidade do indivíduo que contribuiu para que alcançássemos esta simbólica marca; enviar-lhe-emos no entanto um pequeno ramo de flores e um cheque-oferta para trocar no Freeport de Alcochete.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O Samir

O Samir tem 19 anos e "muda muito de namorada". O Carlos já fez 18. Um outro acusa a directora de turma de conspirar com alunas para suspender uma professora. Esta malta anda toda entre o 7º e o 8º ano do ensino básico.
Considero este artigo o mais espectacular.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Na Patagónia - IV

O egípcio que partilha a cozinha comigo tem o hábito exasperante de trautear cânticos em árabe enquanto remexe por entre tachos e talheres. Fez afixar em tempos, numa das paredes da divisão, um calendário tamanho A3 que o ajudou a seguir o Ramadão sem sobressaltos religiosos. Fontes próximas garantem-me que a relação com a companheira do quarto ao lado é tensa. Ela, uma loira neurótica cujas obsessões logísticas levariam Eichmann à loucura, não gosta das refeições fora de horas do vizinho. Ele não gosta de mulheres que dão ordens.
Há algum tempo tentou interessar-me em fazer uma contribuição para as crianças da Palestina que recusei delicadamente fazendo valer a minha condição de estudante eternamente pobre. A seguir às noites em que abrem o bar do rés-do-chão, ele é a minha melhor aposta para explodir com a residência,

A Queima



O calendário blogosférico segue estações marcadas que se repetem todos os anos, imunes às sazonalidades do mundo real. Chegam os inícios de Maio e gente normalmente lúcida e certeira espanta-se e horroriza-se com o cenário das festas académicas: a juventude de hoje é boçal, excessiva e vive em permanente glorificação etílica. Perante isto, as vestais espreitam a rua e declaram o óbito a prazo: o inferno espreita-nos ao virar da esquina, trazendo com ele a decadência irreversível da Nação e da civilização ocidental no seu todo. O problema está menos no rigor da observação do que na previsibilidade do diagnóstico. Como dizia um famoso filósofo da nossa praça “Há muita falta de memória na política e nos políticos.” Nos bloggers também. Desde que existe civilização que a próxima geração carrega em si a semente do Ragnarok final para a família, os bons valores e a salubridade em geral. Parece que Hesíodo um dia escreveu "Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque essa juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível". Desde então passaram-se 2700 anos e a Humanidade tem vindo a massacrar-se mutuamente com a volúpia de sempre, tendo ainda tempo para oferecer às gerações vindouras nomes como Sócrates, Shakespeare, Newton, Da Vinci e Rui Costa. Nada mau.
Os nossos estudantes de 22 anos festejam com grosseria, sexo e bebedeiras furiosas? Tudo certo. Se tudo correr bem, um dia as Queimas das Fitas serão só workshops e desportos de equipa, voluntariado e concertos sentados na relva. Tudo com alegria e moderação, um exemplo para a sociedade, a Universidade e o Partido. Lá chegaremos.

domingo, 17 de maio de 2009

Na Patagónia - III



A estação de comboios de Colónia, onde o meu commuting Bona-Colónia me obriga a passar tempo em demasia, tem um quiosque enorme que abriga as minhas esperas pelo próximo comboio. Vou sempre para a secção de imprensa estrangeira porque o meu alemão não me permite nem ler o "Bild" - uma espécie de "24Horas" em esteróides e com mais mulheres nuas. A prateleira inglesa tem o "Independent", o "Financial Times" ou o "Telegraph". Até tem o "Sun" e o "News of The World", mesmo se falha em não ter o "Guardian". Pode-se comprar o "New York Times",o "Corriere della Sera" ou o "EL PAÍS". E por aí fora. Ontem, o par de prateleiras que ostenta a etiqueta de "Portugal" tinha a "Nova Gente", a "Elle", a "Ana", a "Maria" e a "Moda Criança". Bem vindos à West Coast.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A homenagem sentida

"Agora vou cantar «Zumba na Caneca» da Tonicha para dedicar ao meu tio que morreu há 3 dias."


Ouvido na TVI ontem à noite.

domingo, 10 de maio de 2009

The great fall of the offwall entailed at such short notice the pftjschute of Finnegan, erse solid man, that the humptyhillhead of humself prumptly

Em relação ao vídeo postado anteriormente, e porque não quero ganhar fama de pretensioso pseudo-intelectual, aquilo é tão-só o James Joyce a antecipar 70 anos de história e a explicar a razão por que Quique Flores não compreende o futebol português; na verdade, todos os futebolistas da nossa Liga Sagres são atentos leitores do experimentalismo e da idioglosia no modernismo europeu do séc. XX.

E para quem quiser confirmar, aos 2:04: "And one of Biddy's beads went bobbing till she rounded up lost histereve with a marigold and a cobbler's candle in a side strain of a main drain of a manzinahurries off Bachelor's Walk."

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Resumo

No meio disto tudo já não vejo a luz do sol por mais do que duas horas por dia desde há quase uma semana. Os meus espirros e dores de cabeça e garganta vão piorando à medida que se vão desvanecendo nos telejornais as notícias sobre a gripe suína (ou gripe mexicana, ou gripe A ou o caralho); parece que vou mesmo morrer sozinho e no anonimato. Enquanto isso devo ser a única pessoa em Portugal que ainda não viu as imagens do Avô Cantigas a ser espancado por uns comunistas da CGTP ressabiados; aqueles óculos e o bigode e as tretas do fantasminha brincalhão nunca me enganaram, o raio do velho era um capitalista de primeira. Entretanto na política portuguesa discutem-se os benefícios nutritivos da farinha Maizena. Vou ali fazer uma papa Maizena e já aqui venho dar o meu contributo para a discussão.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Hoje

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Isto é tão bom